O livro Marketing 6.0 é um convite para entender as novas dinâmicas do mercado diante das gerações Z e Alpha, os nativos digitais que transitam naturalmente entre o físico e o digital. Muito além de plataformas como Roblox ou Minecraft, esses consumidores esperam experiências imersivas, autênticas e interativas.

Vídeos curtos em plataformas como TikTok são favoritos dessas gerações. Além disso, cresce o uso de plataformas como Reddit e Discord, que promovem conexões mais genuínas e comunitárias, em contraponto à publicidade intrusiva de grandes redes.

Neste artigo, você vai conhecer os conceitos-chave apresentados na obra Marketing 6.0, do pai do marketing, Philip Kotler, e como as marcas devem se preparar para o marketing do futuro.

Marketing para nativos figitais

A Geração Z (nascida entre meados dos anos 90 e 2010) e a Geração Alpha (nascida a partir de 2010) já somam mais de 4 bilhões de pessoas no mundo. Elas cresceram em um universo onde o digital e o físico se misturam constantemente. São os nativos figitais: vivem conectados, mas ainda valorizam experiências presenciais, como passeios em shoppings, mesmo que comparem preços online antes de comprar.

Realidade Aumentada, Virtual e Estendida

O livro explica as diferenças entre Realidade Aumentada (RA) e Realidade Virtual (RV): a primeira insere elementos digitais no mundo físico (como faz a L’Oréal ao permitir que clientes “experimentem” maquiagem virtualmente), enquanto a segunda cria um ambiente totalmente digital. A união dessas duas tecnologias resulta na Realidade Estendida (XR), um novo patamar de experiência imersiva.

Do Multichannel ao Metamarketing

Se antes as marcas falavam de multichannel (uso de múltiplos canais) e omnichannel (integração desses canais), agora o passo seguinte é o metamarketing, que transcende as barreiras entre o físico e o digital e promove experiências imersivas em três camadas:

  1. Experiência física e digital integrada
  2. Realidade estendida e metaverso
  3. Engajamento multissensorial

Exemplo: uma pessoa pode testar um notebook em loja física e comprá-lo online (ou o oposto). Em cada ponto de contato, a marca deve proporcionar uma experiência coesa e relevante.

As 5 Forças do Metamarketing

O livro aponta cinco tendências essenciais que moldam o marketing imersivo:

  • Conteúdo contextual
  • Mídias sociais como centro de distribuição
  • E-commerce interativo
  • Inteligência artificial como motor de personalização
  • Dispositivos imersivos e vestíveis

A nova jornada do consumidor

A experiência de compra agora é tão importante quanto o próprio produto. Ela deve ser:

  • Multissensorial: ativando os cinco sentidos
  • Interativa: permitindo troca com o consumidor
  • Participativa: exigindo ação do usuário
  • Sem atrito: fluida e sem interrupções
  • Com storytelling: envolvente e coerente

Apesar da digitalização, 2 em cada 3 consumidores ainda sentem falta do contato humano. Isso mostra a importância de experiências híbridas e bem desenhadas.

Tecnologias-chave para o Marketing 6.0

1. Internet das Coisas

Conecta objetos físicos à internet para coleta de dados em tempo real. Exemplo: uma pulseira da Nivea que alerta a hora de reaplicar protetor solar.

2. Inteligência Artificial

Replica habilidades cognitivas humanas para entender e prever comportamentos, além de personalizar interações via chatbots ou assistentes de voz.

3. Computação Espacial

Modela experiências físicas com o uso de sensores e automação. Exemplo: provadores virtuais de roupas.

4. Realidade Aumentada e Virtual

Transformam a interface com o consumidor. A RA tem maior uso no marketing por ser mais acessível. A RV é utilizada em contextos como treinamentos.

5. Blockchain

Cria sistemas descentralizados e seguros, essenciais para rastrear transações e garantir transparência em campanhas digitais.

Web 3.0 e o Metaverso

A evolução da internet passa por três fases:

  • Web 1.0 (1989–2004): Marca o início da internet, quando os usuários eram apenas consumidores de conteúdo, sem a possibilidade de interação ou criação.
  • Web 2.0 (a partir de 2004): A internet passa a funcionar como uma plataforma colaborativa, permitindo que os próprios usuários produzam, compartilhem e interajam com conteúdos em redes sociais, blogs e outras plataformas.
  • Web 3.0 (em desenvolvimento): Representa uma internet descentralizada, baseada em tecnologias como blockchain. Nesse modelo, os usuários têm maior controle sobre seus dados e criam conteúdo sem a intermediação de grandes plataformas.

No metaverso, o usuário pode criar, comprar e vender ativos digitais, por meio de avatares e experiências personalizadas. Mas o livro alerta: marcas só devem entrar nesse universo se o público-alvo justificar.

Marketing Multissensorial e a Fadiga Digital

Atualmente, nos Estados Unidos, uma pessoa passa em média 7 horas por dia conectada à internet. Essa intensa exposição ao digital tem gerado um fenômeno conhecido como fadiga digital, caracterizado por cansaço mental, diminuição da atenção e esgotamento emocional diante de estímulos online constantes.

Em resposta a esse cenário, muitas pessoas têm buscado formas de desacelerar e recuperar o equilíbrio, o que impulsionou tendências como:

  • Busca por dispositivos retrô: o resgate de objetos analógicos como câmeras antigas, toca-discos e celulares simples se tornou uma forma de romper com o excesso de conectividade.
  • Viagens de fuga: experiências em lugares remotos e sem sinal de internet são cada vez mais valorizadas.
  • Detox digital: períodos programados longe das telas para restaurar o foco e a saúde mental.
  • Mindfulness: práticas de atenção plena ganham espaço como antídoto para a hiperconectividade.

A Importância do Multissensorial

Com o crescimento de tecnologias, o multissensorial tornou-se um pilar essencial para experiências verdadeiramente impactantes. As marcas que compreendem isso conseguem criar conexões mais profundas e memoráveis com seu público.

Segundo neurocientistas, a visão é o sentido mais dominante: cerca de 80% do processamento cerebral de informações sensoriais é visual. Isso se deve à vasta área do cérebro dedicada à interpretação de estímulos visuais.

Na sequência, temos a audição, que representa cerca de 10% do processamento. Embora em menor proporção, o som é fundamental para criar atmosfera, emoção e engajamento.

Juntos, conteúdo visual e sonoro são responsáveis por 90% das informações que o cérebro processa. Isso explica por que narrativas que integram imagem e som têm maior poder de conversão e retenção da audiência.

Conclusão: O Marketing como experiência humana

O Marketing 6.0 não é apenas sobre tecnologia: é sobre como utilizá-la para construir experiências significativas. As gerações Z e Alpha buscam autenticidade, inclusão e engajamento real. As marcas que quiserem dialogar com esse público precisarão pensar além de campanhas publicitárias: será necessário criar experiências imersivas, humanas e conectadas. O futuro do marketing é híbrido, sensorial e, acima de tudo, centrado no consumidor.

Dados técnicos:

Livro: Marketing 6.0 – O futuro é imersivo

Editora: Sextante

Autor: Philip Kotler

O que você achou do conteúdo? Conte-me nos comentários. 😉